OBJETIVO DESTE BLOG

Compartilhar textos, poemas e impressões de uma forma mais literária sobre sustentabilidade; em um livro vivo - esse é o objetivo básico desse blog. Aqui busco tecer relações entre o conhecimento científico e outros saberes e sabores, outras visões de mundo. Há sugestões de atividades e perguntas que provocam e/ou convidam à reflexão. Os poemas estão protegidos pela Lei de Direitos Autorais na Biblioteca Nacional (Lei 9.610/98). A reprodução dos textos é permitida desde que citada a fonte e/ou respectivas referências bibliográficas. Aviso Importante: As postagens (textos e atividades) são dinâmicas e serão atualizadas independente do mês que foram escritas. Boa Leitura! Mande-me sugestões.

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ARQUITETURA ESSENCIAL

Deborah Munhoz & Fernanda Coelho –
Artigo publicado na Revista Obras On Line, Edição de Janeiro de 2009.




Nada mais confortável do que sentir-se em casa, mas quantas pessoas hoje podem realmente se sentir bem no ambiente onde moram? Muitas pessoas buscam a resposta mudando-se para condomínios residenciais com áreas verdes. A qualidade de vida, no entanto, envolve muitos outros fatores como a saúde, a interação com o ambiente, a interação de cada pessoa consigo mesma, as relações sociais, a vida afetiva, situação financeira, etc.



O resultado da complexa interação desses fatores com nossos desejos mais internos podem proporcionar ou não uma experiência de vida com qualidade. O planejamento de uma edificação considerando critérios básicos de sustentabilidade pode contribuir com todos os fatores acima descritos. E isso inclui a saúde financeira de quem mora em um local assim construído.

A inserção dos elementos básicos de conforto proporcionam uma conexão das pessoas com suas casas, e destas com o local onde são construídas. E o que é o conforto? Nada mais do que a sensação de bem estar do ser humano em relação ao seu ambiente, a ausência de estresse de natureza física, térmica, visual, sonora e emocional.

A arquitetura é uma linguagem não verbal capaz de comunicar, de provocar experiências sensoriais e estados emocionais. De inspirar ou não bons pensamentos. O bem viver e o bom conviver transcende a felicidade baseada no ter e na aparência de elementos construtivos meramente decorativos.



Em épocas de profundas transformações da natureza e quando nossa capacidade de continuar a existir como espécie no planeta é colocada em cheque, torna-se vital uma transição da Arquitetura da Aparência para uma Arquitetura da Essência.

É preciso criar a consciência de que cada material utilizado em uma edificação possui uma bagagem ecológica. Veio da natureza, passou por um processo industrial, consumiu energia, gerou resíduos. A qualidade de vida que essencialmente buscamos como seres humanos está além da complexidade da tecnologia artificial e muito mais próxima da tecnologia natural.

Uma edificação que tenha iluminação e ventilação naturais, paredes porosas capazes de promover trocas gasosas entre os ambientes interno e externo, materiais mais naturais, cores adequadas ao perfil de seus habitantes e um desenho criativo e belo certamente favorecerá a saúde de seus ocupantes. Ao construir com a natureza e não contra ela, chega-se a uma edificação de baixo impacto ambiental e baixo custo de manutenção. Dentro deste conceito podemos citar os trabalhos de arquitetos como o espanhol Luiz de Garrido, dos colombianos Luis Carlos Rios e Simon Vélez.

O conceito de construir para a felicidade dos usuários baseia-se na experiência humana de habitar um lugar que seja “religado” com a natureza. A arte de construir para o século XXI exige o diálogo entre diferentes saberes para agregar valor a um projeto. A complexidade desse século exige a formação de equipes interdisciplinares para a criação de espaços aliados com princípios ecológicos que visem a qualidade de vida de seus usuários. Não como uma experiência efêmera, mas de uma arquitetura essencial.

Sobre as autoras do artigo:

Deborah Munhoz – Química, Mestre em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela UFMG. Consultora e Coach em Gestão da Qualidade de Vida e Sustentabilidade.
E-mail: deborahmunhoz@gmail.com

Fernanda Coelho – Arquiteta e Urbanista, especialista em Conforto e Edificações Sustentáveis pela UGF. E-mail: fernandafmcoelho@gmail.com

SUSTENTABILIDADE E CONSTRUÇÃO CIVIL

Deborah Munhoz & Fernanda Coelho –
Artigo publicado na Revista Obras On Line, Edição de Dezembro de 2008.



Foto: Fernanda Coelho - BEDZED, em Londres


Recentemente, a Câmara da Indústria da Construção em Minas Gerais lançou o “Guia de Sustentabilidade na Construção”, o que marcou a entrada do setor na busca por formas mais equilibradas de empreender. Segundo o Prof. Vanderley M. John, do Depto. de Engenharia Civil da USP, a Construção Civil consome cerca de 70% dos recursos naturais extraídos da Terra, sendo uma das atividades menos sustentáveis do planeta.

Para compreender esse conceito é necessário conhecer as relações estabelecidas em um ecossistema segundo os chamados princípios ecológicos. A sustentabilidade significa a capacidade de um ecossistema natural se manter ao longo do tempo. É uma propriedade que emerge a partir da complexa interação de diversos seres vivos entre si e com o ar, solo, água e energia, em um planeta de recursos finitos. A cidade é considerada um ecossistema incompleto e caracterizada por elementos que se relacionam e evoluem conjuntamente ao longo do tempo, consumindo enormes quantidades de matérias primas e energia dos demais ecossistemas naturais.

Toda edificação de uma cidade faz parte de uma teia, de um contexto, de uma história. Todo produto usado na sua construção tem um ciclo de vida específico, relacionado a outros. Uma edificação nunca está só. Ela está impactando e sendo impactada pelo ambiente social, cultural, econômico e interagindo com as forças da natureza. Sendo assim, não é possível que uma construção, sozinha, seja sustentável.
As edificações de uma época refletem os valores predominantes de sua cultura.

O espaço construído é marcado por relações de interdependência entre diferentes elos de sua cadeia produtiva distribuídos em diferentes localidades. Nesse contexto, a cultura de consumidores que priorizam a estética tem grande influência sobre a demanda de projetos construtivos que não adotam a sustentabilidade como valor essencial. Podemos citar o uso excessivo do vidro em fachadas, como alternativa estética, desconsiderando seu mau desempenho como isolante térmico, o que gera altas demandas energéticas devido ao constante uso de ar condicionado.

Alguns profissionais procuram, através de inovação, resgatar a harmonia entre estética, conforto (térmico, lumínico, acústico, ergonômico) e as questões climáticas, cada vez mais críticas no ambiente urbano. Encontram, porém, grande dificuldade na aceitação destes projetos. A ilusão de uma economia a curto prazo tem maior apelo do que as perdas econômicas e de qualidade de vida à médio e longo prazos.

Considerando os desafios ambientais deste novo século e ainda os fortes problemas sociais do Brasil, o país necessita de iniciativas como o BED ZED (Beddington Zero Energy Development), localizado em Wallignton, ao sul de Londres. O bairro ecológico, desenvolvido pelo arquiteto Bill Dunster, proporcina um modo de vida sustentável, sem sacrificar o estilo urbano. A integração das unidades habitacionais com áreas de trabalho no mesmo empreendimento, a proximidade do transporte público e o clube de compartilhamento de carros oferece aos residentes a oportunidade de reduzir o seu uso.

Além disso, a adoção de sistemas passivos de climatização e iluminação, a geração de energia a partir de painéis fotovoltaicos, o tratamento e reaproveitamento das águas e o desenho em harmonia com o clima e entorno garantem a máxima eficiência na utilização dos recursos energéticos e materiais. Além disso, combinam atração e conforto superiores, com custo operacional mais baixo.

De acordo com o físico Fritoj Capra, a sustentabilidade das comunidades humanas surge como conseqüência da nossa capacidade de entender os princípios ecológicos e viver em conformidade com eles. Dentro do universo da construção civil, implica na adoção de projetos e produtos arquitetônicos que levem à concepção de cidades sustentáveis. Uma mudança qualitativa dos novos empreendimentos deve surgir em função de iniciativas como a “etiquetagem” dos edifícios.

O Brasil lançou em 2007 a “Regulamentação para Etiquetagem Voluntária do Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos”, uma iniciativa do Programa Procel EDIFICA em convênio formado com a Eletrobrás. Atualmente voluntária, passará a ser obrigatória até 2012. Também se faz estratégica a educação dos compradores (empresas ou pessoas), uma vez que, através de suas escolhas e preferências, são co-responsáveis pelas características da construção. Nesse novo cenário, consumidores devem saber que, conforme sua escolha, sua edificação pode ser um passivo ou um ativo ambiental.

Sobre as autoras do artigo:

Deborah Munhoz – Química, Mestre em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela UFMG. Consultora e Coach em Gestão da Qualidade de Vida e Sustentabilidade.
E-mail: deborahmunhoz@gmail.com

Fernanda Coelho – Arquiteta e Urbanista, especialista em Conforto e Edificações Sustentáveis pela UGF. E-mail: fernandafmcoelho@gmail.com

Arquitetura Celestial

Deborah Munhoz

http://www.youtube.com/watch?v=MKLhpuoql1w


Estrelas crescem como um poema
Explodem em composições
Formando mundos paralelos e afins
Estrelas... somente pontos e vírgulas,
Cravejados, Cravejantes
Pintadas em diferentes e complexas cenas
Revelam-nos somente o que conseguimos ver e ouvir

Noite estrelada, sem fim...
No coração do universo batem Pulsares
Corpos celeste densos
Se comunicam no calor da madrugada
Silêncio... dentro de suntuosas jornadas
Enquanto diferentes mundos seguem crescendo
Como uma aquarela... Sol a dentro

Galáxias...
Parecem flores
Nuvens despetaladas
Borrões enebriados
Um sopro esfumaçado
Tons desconcertantes
Coloridos, descabelados...

Primaveras cósmicas!
C u i d a d o s a m e n t e pintadas
Estranhas telas
Luzes fortes
Tons de azuis,róseos e amarelos
Estrelas... Posso vê-las
Refletir no meu jardim

Reflexão: Arquitetura Celestial é o nome de um dos meus poemas, inspirados nas construções do cosmos quando pesquisava material para meu curso de Ecodesign... As construções humanas podem se inspirar em fontes de infinitas belezas e formas de usar a matéria. Essas formas ocorrem tanto na terra quanto no cosmos. Aprendi desde cedo a olhar para as estrelas. Muitos de meus trabalhos durante o curso técnico e no bacharelado de Quimica tiveram a Astroquímica/Astrofísica como tema. Escrevi sobre a Vida e Morte das Estrelas na minha primeira monografia realizada durante o primeiro ano do ensino médio. Atualmente, revisito essas ciências para inspirar a formação de novos designers (planejadores) dentro de um paradigma que seja realmente novo, um outro nível de consciência de uso da matéria. Eisten já dizia que "nenhum problema pode ser resolvido pelo mesmo nível de consciência que o criou." Isso se aplica à questão urbana. É necessário reconstruir habitações humanas que reconectem a especie com o cosmos e do próprio ser humano com ele mesmo numa arquitetura de um verdadeiro Religare. Felizmente, 2008 fechou com a ascensão da arquitetura da felicidade. Apreciem a bela coleção de fotos do universo no video de abertura dessa postagem.: Fazem pensar: Por que projetar para o pequeno? Abaixo, a conexão das relações humanas com o céu cantada pelo cantor uruguaio Jorge Drexler




Edad del Cielo
(Jorge Drexler)


C A
No somos mas que una gota de luz
G
una estrella fugaz
D*
una chispa tan solo en la edad del cielo

No somos lo que quisieramos ser
solo un breve latir
en un silencio antiguo con la edad del cielo

C D
Calma, todo esta calma
C
deja que el beso dure
D
deja que el tiempo cure
C
deja que el alma
D
tenga la misma edad que la edad del cielo

No somos mar que un puñado de mar
una broma de Dios
un capricho del sol del jardin del cielo

No damos pie entre tanto tic tac
entre tanto big bang
solo un grano de sal en el mar del Cielo

Calma... [repite]