OBJETIVO DESTE BLOG

Compartilhar textos, poemas e impressões de uma forma mais literária sobre sustentabilidade; em um livro vivo - esse é o objetivo básico desse blog. Aqui busco tecer relações entre o conhecimento científico e outros saberes e sabores, outras visões de mundo. Há sugestões de atividades e perguntas que provocam e/ou convidam à reflexão. Os poemas estão protegidos pela Lei de Direitos Autorais na Biblioteca Nacional (Lei 9.610/98). A reprodução dos textos é permitida desde que citada a fonte e/ou respectivas referências bibliográficas. Aviso Importante: As postagens (textos e atividades) são dinâmicas e serão atualizadas independente do mês que foram escritas. Boa Leitura! Mande-me sugestões.

SAIBA MAIS SOBRE MEU TRABALHO EM

http://deborahmunhoz.wordpress.com

Memórias de um ancestral sagrado

Jovens Xavantes Celebrando o Sol: http://karipuna.blogspot.com/2007/11/o-lendrio-roncador.html


Há um grande abismo entre a maneira com que os povos indígenas se relacionam com o planeta e o modo com que a nossa cultura interage com o ambiente em que vive. Para eles, os índios são a Terra, enquanto para nós, apenas estamos sobre a Terra. Essas diferentes formas de autopercepção em relação ao lugar onde vivem também se refletem na maneira com que ambos os povos se relacionam com a água.

Embora seja responsável pela maior parte da composição de nosso corpo, espelhando a composição do planeta, nossa civilização vem mantendo uma estranha relação de distância com a água ao longo dos anos. Nós nos relacionamos com ela como se fosse uma fonte inesgotável, da qual usufruímos como os únicos a quem ela deve servir. Quanto mais civilizados, mais educados para Ter e não para Ser e maior a ilusão de possuí-la. Gradativamente, fomos esquecendo nosso papel ecológico e, consequentemente, fomos corrompendo a função ecológica da água, transformando-a em esgotos.

Para os índios, a água é uma ancestral sagrado. Das águas foram tecidos os corpos dos sentimentos. Assim, se os seres humanos podem se emocionar diante da vida, é graças ao espírito sagrado das águas, que é mãe e avó. É considerada a senhora da abundância e do amor por muitos povos nativos, seja chuva, orvalho, lagoa, mar, lágrima ou cachoeira: é a fonte que tudo vivifica. Nas aldeias, ocupa lugar especial diante da porta da frente das casas. Sua beleza é apreciada e venerada.


Mas onde está a água em nossas cidades? Poderíamos dizer que ocupa um lugar semelhante os dos nossos sentidos e sentimentos: escondida e contida pela dureza e artificialidade dos canos, concreto e asfalto. Contaminada pelos valores artificiais, urbanos e egocêntricos. Assim como são raras as vezes em que experienciamos nossos sentimentos na sua plenitude, tampouco experienciamos a água na sua beleza. Precisamos parar de apontar os outros como culpados pela degradação das águas. Ela está contaminada por nossos valores, nossos hábitos, vaidades, atitudes, cultura. Espelha o nosso ambiente interno.

Nos 500 anos de Brasil, é preciso recuperar nossa memória nativa ancestral e aprender com a água, que nos ensina a tradição do fluir, da abundância, da clareza, da transparência, do encontro, do servir, da liberdade. Como nos lembram os índios, assim como nossos ancestrais, é preciso deixar às futuras gerações um caminho de infinitas possibilidades às quais chamamos de futuro, ou se preferirmos, culturas sustentáveis.

Publicado em:

MUNHOZ, Deborah. Memórias de um ancestral sagrado. Revista Ecologia Integral, Ano 3, n.12, jan/fev 2003, p. 30

------------- Memória de um ancestral sagrado. Caderno Ecológico – Estado de Minas, em 30 de abril de 1999





Aprenda mais sobre a nossa cultura ancestral:
Leia: A Terra dos Mil Povos, do índio Kaká Werá Jacupé - Ed. Peirópolis
Visite o Instituto Arapoty: http://www.arapoty.org/

A Grande Onda

(Deborah Munhoz)




Foto: Alex Gray
http://www.volcom.com/blogs/blog.asp?blogID=6


A grande onda é o mar!
Somos todos onda e parte desse mar:
Mar de montanhas, mar de galáxias,
Tudo e nada na mesma estrada.
Luz e verso, neste e em outros universos.

Quanta de ação em multidões.
Luz que põe fim à violência
Trazendo à tona a minha e a sua essência

A grande onda é amar o mar!
Amar entre trilhas e montanhas,
Trazendo a prosperidade para a terra natal.
Pátria. Mátria!

Riqueza que se vê com os olhos da alma,
Riqueza que se materializa no trabalho
Com a beleza da alma.

Entrar na onda.
Surfar dos rios às estrelas,
Em grandes montanhas e cachoeiras.
Brincadeira de quem é feliz!

Água em Movimento

(Deborah Munhoz)

Somos água
Seres de água, nuvem de água.
Alma, fonte,
Corpo e emoção.
Ondas da mente,
Ondas de água,
Ondas de alma,
Surf.

Calma, descanço.
Chuva, corrente.
Vento, movimento,
Calor, nuvem.
Sol que evapora grandes massas líquidas e
Move grandes massas de água no ar.
Vôo leve sobre a terra...
Transporte de informação à longa distância.
Movimento sem barreiras pela ar, movimento com barreiras pela terra.
Permeia a rocha e
Revela a alma da terra.
A mesma lágrima que revela a alma de homens e mulheres.

É o inconsciente coletivo que precisa ser transformado
Em consciência coletiva.
É neve branca,
Ouro líquido,
Rio Negro,
Lago verde.
É pé de alface e alga marinha.
Corpos que se tocam dentro d´água,
Corpos que se conectam dentro d´água.
Plâncton e benton,
Branco, Negro,
Povo Índio.

Água do povo brasileiro,
Alma do povo brasileiro,
Sangue do povo brasileiro.
Azul da nossa bandeira que é
Céu estrelado com arco-íris;
Cristais de gelo nos anéis de saturno,
Manta de gelo sobre os Andes,
É suco de fruta gelado,
Sorvete de tapioca,
Lima e limão.
Águas de março que fecham o verão.
Mais profundo do que você vê,
Muito além do que está nos cliches:
Trabalhe pela água que é você


(Publicada na Revista Ecologia Integral, Ano 6, n.27, jan/fev/mar 2006, pp 27)


Atividades
1. Observe a sua volta. Desenhe o movimento que a água está fazendo em você e a seu redor nesse instante.

2. Quais são os ciclos biogeoquímicos conectados com o ciclo da água?

3. Você já pensou na relação entre sua forma de pensar, suas emoções e a vibração das moléculas de água do seu corpo?

4. Ampliação de paradigma: As culturas orientais como a budista, taoísta e indiana cujas medicinas nasceram por volta de 3.000 anos antes de Cristo, assim como nossa tradição indígena e a homeopatia tratam muitas das doenças humanas a partir da forma de pensar e das emoções. São consideradas medicinas sutis pois agem sobre os corpos humanos (e não somente sobre o corpo físico) a partir da dimensão energética, ou quântica, como preferem alguns. O pensamento químico tradicional no qual se baseia a medicina alopática e a criação de fármacos não considera tal relação. Nos último anos, um japones chamado Masuru Emoto vem chamando a atenção. Ele pesquisa como nossas emoções afetam o processo de formação de cristais de água. Conheça um pouco do trabalho deste japones através de um fragmento do filme: "Quem somos nós", dirigido por Betsy Chasse , Mark Vicente e William Arntz disponível no Youtube.

A influência do pensamento na formação de Cristais de Água -
Trecho do filme "Quem somos nós"



Este argumento nos faz pensar na importância de praticarmos aquilo que queremos ver no mundo. O universo pessoal de cada um possui um imenso poder de influenciar o todo.
Faz você pensar nas suas atitudes cotidianas?

Você pode estar pensando: "Alguém está viajando nessa história.... ou estória(?)"

5. Já sei: você pensa que vivemos em universo sólido, não é? Experimente pensar um pouco com a Física Quântica. Segundo estudos avançados, toda a matéria que conhecemos é formada por .... C O R D A S!!!!!!! Sim, como de um violino! O que faz a diferença na aparência da matéria é a forma como as cordas vibram. A conclusão: O universo é uma espécie de sinfonia cósmica.... como já diziam os budistas e os Vedas - antigas escrituras sagradas que constituem a base do hisduísmo! Não é fascinante?!

Conheça a Teoria das Cordas neste fragmento do documentário da BBC (disponível no Youtube - palavras chaves para busca: universo paralelo - universo elegante - teoria de cuerdas):





5. O que é mudança de paradigma? Veja a explicação com o Dr. Quantum quando ele visita a Planolândia. Após visitar a Planolândia, ele vai para o laboratório e fala sobre a capacidade da matéria em modificar seu comportamento quando é observada, ora se comportando como partícula e ora se comportando com onda:




Para saber mais sobre mudança de paradigma:

Leia: CAPRA, Fritjof. O ponto de mutação: a ciência, a sociedade e a cultura emergente. 17.ed. São Paulo-SP : Editora Cultrix Ltda, 1996.
Assista: O ponto de mutação - o filme. Disponível em http://video.google.com/videoplay?docid=854094769667634943

Gota D´Água

(Deborah Munhoz)

Gota que sai não sei de onde
Gota que vai não sei pra onde
Gota que rola, bola
Gosto cristalino, cheiro natural
Acompanha a dança, criança
Num ritmado compasso:
Ping...Pong... Ping... Pong... Ping
Sobe e desce, nasce e cresce e
Vai pelo mundo a fora,
Toda hora,
Finalmente,
Vai embora. Hora!!!
Gota que seca,
Gota que molha,
Gota que gera:
Canções no espaço,
Corações aflitos.
Tudo isso
No seu infinito
Ping... Pong...
Ping... Pong...
Ping... Pong...
Ping...


Atividades

1. Assista o video abaixo - Ciclo da água - We will rock you (Youtube)




Agora responda:
Você sabe a origem da água que sai da sua torneira?
De onde sua cidade importa água?
Qual o tamanho da pegada ecológica da sua cidade em relação à água?

2. Veja a sequência de fotos tirada pelo Prof. Manoel Neto, do Laboratório de Física-Ensino da UFPA no site http://www.ufpa.br/ccen/fisica/gotas.htm e explique o ditado popular: "Água mole em pedra dura tanto bate até que fura".





3. O óleo é um dos poluentes mais comuns de cair na água. Observe as fotos abaixo e responda: A) Por que ele é considerado um poluente?
B) Como ele impacta a vida dos seres aquáticos?
C) Explique por que as partículas de óleo não se dissolvem na água.
D) Por que os detergentes dissolvem o óleo na água?
E) Qual o impacto do uso dos detergentes sobre a vida aquática?
F) Por que as aves aquáticas passam óleo nas penas? Onde esse óleo é produzido?






4. Qual a função das folhas que caem das árvores e arbustos sobre o solo de praças, jardins ou das matas?

As leis que regem a vida - Masaharu Tanigushi

Imagem da Galeria de Arte Atômica: Cobre sobre Ferro www.almaden.ibm.com/vis/stm/gallery.html,
www.terra.com.br/istoe/ciencia/143007.htm
Caracteres kanji para a palavra átomo. A tradução literal significa: criança original
Visite o site e veja desenhos feitos com átomos em escala nanométrica

Leia o texto abaixo:

"As leis físicas que regem a matéria inorgânica são diferentes das leis da Vida que regem organismos vivos. Por mais que se combinem elementos inorgânicos no interior de uma proveta, jamais se originará um organismo vivo.Para que as substâncias nutritivas sem vida constituam parte viva do corpo humano, é imprescindível que se submetam ao domínio da Vida. Os elementos materiais que se agregam ou se desagregam segundo leis físico-químicas, quando subordinadas à Vida, unem-se ou separam-se segundo uma outra lei.A vida se serve inclusive das leis da matéria, mas as sobrepuja e exerce domínio sobre a matéria. Embora utilize as leis da matéria, a Vida não se sujeita a elas; ao contrário, transcende-as e estrutura o corpo na forma que deseja. Portanto, em se tratando de organismo vivo, as leis da matéria se subordinam a leis da Vida.

"Masaharu Taniguchi - Sutras Sagradas

Sugestão de atividade:

À luz da Educação Ambiental, organize um debate sobre o texto de Masaharu Taniguchi com seus alunos envolvendo seus conhecimentos de Química, Física, Biologia.


Algumas pontos para aquecer o debate:

Afinal, o que é a vida?
O que são propriedades emergentes?
Discuta o conceito de sustentabilidade como uma propriedade emergente.
Relacione entropia e Vida.
Quais são as leis que regem o corpo de um organismo morto?
Como são criados os organismo vivos em laboratório?