OBJETIVO DESTE BLOG

Compartilhar textos, poemas e impressões de uma forma mais literária sobre sustentabilidade; em um livro vivo - esse é o objetivo básico desse blog. Aqui busco tecer relações entre o conhecimento científico e outros saberes e sabores, outras visões de mundo. Há sugestões de atividades e perguntas que provocam e/ou convidam à reflexão. Os poemas estão protegidos pela Lei de Direitos Autorais na Biblioteca Nacional (Lei 9.610/98). A reprodução dos textos é permitida desde que citada a fonte e/ou respectivas referências bibliográficas. Aviso Importante: As postagens (textos e atividades) são dinâmicas e serão atualizadas independente do mês que foram escritas. Boa Leitura! Mande-me sugestões.

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Os desafios na implantação de tecnologias limpas nas empresas do Brasil

A Agenda 21 destaca a importância da colaboração entre países dos hemisférios norte e sul assim como o uso de tecnologias limpas associadas à mudança comportamental. As empresas brasileiras, no entanto, encontram várias dificuldades na implementação de mudanças no processo produtivo, como por exemplo: a falta de incentivos fiscais, a elevada carga tributária, o preço da tecnologia, dentre outras. Grandes resistências na implementação de novas tecnologias também estão associadas à mudanças comportamentais de funcionários. Atualmente, as empresas brasileiras estão saindo do paradigma da cultura de fim de tubo – instalação de filtros e ETEs, tratamento dos resíduos, disposição final, recuperação de áreas contaminadas – para a cultura preventiva que envolvem a prática dos 4 Rs: Repensar, Reduzir, Reutilizar e, por último Reciclar. A evolução do Repensar leva à adoção do Ecodesign de produtos e serviços, incluindo todo um Repensar Organizacional para a prevenção da geração de resíduos e contaminação ambiental intra e extra-muros. Envolve a formação integral de funcionários, a humanização das empresas, o oferecimento de produtos e serviços que efetivamente favoreçam a vida humana e não humana dentro e fora dos muros da empresa.

No repensar a empresa para a minimização de resíduos e redução da geração na fonte envolve do ponto de vista técnico: a eliminação/redução do uso de matérias primas com atenção especial para susbstâncias tóxicas, melhoria nos procedimentos operacionais e na aquisição e estoque de materiais; uso eficiente de insumos tais como a água e a energia, reuso/reciclagem dentro do próprio processo, a adoção de tecnologias limpas e melhoria no planejamento dos produtos e a formação/capacitação de profissionais. De todos os itens acima citados, considero o mais desafiador a formação/capacitação de profissionais. Dentro da cultura atual, investir U$150 milhões em máquinas de última geração é muito mais justificável e aceitável do que investir igual valor na formação de profissionais. Um dos resultados dessa cultura de baixo investimento em Educação são empresas que operam com máquinas do século XXI operadas por cabeças do século XVII, profissionais e gestores da área ambiental com pouco ou nenhum hábito de consultar revistas científicas e pouca ou nenhuma visão sistêmica. A falta de embasamento técnico-científico e visão sistêmica também pode ser observada em profissionais de ONG e educadores ambientais.

Uma empresa é formada antes de tudo por pessoas que tomam decisões todo o tempo. O investimento na formação humana integral de profissionais, onde o conhecimento técnico e a alfabetização científica estão inseridas, é fundamental para o desempenho profissional dentro de uma organização no século XXI. Apostar em equipes bem formadas é apostar em prosperidade organizacional. Se parte da educação dos funcionários deveria estar sendo dada pelo Estado, é hora das empresas cidadãs cobrarem maiores investimentos na Educação Brasileira. Bom para o bolso do empresário. Bom para a saúde e bolso do funcionário, dos clientes e para as gerações futuras.

Publicado na Revista Eletrônica do Ietec/2006

Deborah Munhoz – Mestre em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos pelo DESA – EEUFMG; especialista em Bio-Sistemas Organizacionais pelo Instituto Orior, Bacharel em Química pela UFMG. Professora de Ecodesign e Produção Mais Limpa do curso de Pós Graduação em Engenharia Ambiental Integrada do IETEC e facilitadora da Rede Mineira de Educação Ambiental e da Rede Brasileira de Educação Ambiental.

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